“A História dos Inexistentes Espiões”, de Ludwig Philby

Ludwig Philby não é pseudônimo: seus pais [fanáticos por histórias de mistério] deram a ele o nome [sempre misterioso] de Ludwig, e o de velho espião inglês chamado Philby. Isso poderia parecer o mais aventuroso na vida do escrevente do escritório de certificação de carne na República da Moldávia, que para completar a normalidade casou e teve uma filhinha berrante a quem esquenta mamadeiras de madrugada.

E no entanto seu segundo livro Istoria Spionilor Inexistenți [A História dos Inexistentes Espiões] tem muito a ver com o autor. Sua tese é de que os espiões não são loirões altos cercados de modelos da Victoria´s Secret e Lamborghinis envenenadas. Um grande espião é um tipo verdadeiramente esquecível – não se destaca em nada. São esses os que nunca são pegos. Ludwig dedicou suas noites [antes do nascimento da menina, pelo menos] ao passatempo de pesquisar a vida deles, e a abertura dos arquivos da velha KGB na Moldávia o ajudou.

Não se trata de leitura emocionante, porque os personagens não o são. Uma era babá em casas de autoridades; outro fritava empadas no bar de algum Congresso; um terceiro era adolescente imprestável viciado em games que passava horas na praça em frente a certo Ministério da Defesa, a quem os soldados se afeiçoaram e para quem compravam cachorros-quentes. E assim por diante.

Surgiu um rumor [que mereceu nota no jornal Sputnik Moldova] de que, normal como era, Ludwig só podia ser um espião. Contra essa acusação o escritor não conseguiu argumentos.

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