Quando a matéria é o nome mais importante de um lugar, todos têm os seus candidatos infalíveis. No Ceará, são o Padre Cícero e José de Alencar. Ou Raquel de Queiroz. Ou mesmo Chico Anysio, para os ligados aos meios de comunicação mais modernos.
Com o devido respeito a tais ilustres nomes, penso que o maior de todos os cearenses foi Rodolfo Marcos Teófilo, nascido em 1853 e falecido em 1932. Ao contrário da dupla de escritores e do humorista, viveu quase toda sua vida no estado. E atuou em muitas áreas, da saúde à política, da poesia à indústria alimentícia.
Curiosamente, nasceu na Bahia. Só nasceu – seu pai médico temera um parto difícil e enviara a esposa a Salvador um mês antes do nascimento. Trouxeram o bebê de volta ao Ceará com poucas semanas de vida.
Envolveu-se em quase todos os movimentos sociais importantes do Ceará da época. Abolicionista, tornou-se membro da Sociedade Libertadora Cearense e colaborou para a alforria de escravos. Participou do pioneiro movimento literário denominado Padaria Espiritual, onde adotou o pseudônimo de Marcos Serrano. Já então escrevia romances, a começar de A Fome, de 1890. Depois faria obras importantes de testemunho, como Libertação do Ceará e a Sedição de Juazeiro. E se todas essas glórias soam distantes, lembre-se que um legado de Rodolfo Teófilo pode ser encontrado em qualquer supermercado ou birosca do estado: a Cajuína. Utilizando seus conhecimentos de farmacêutico formado, foi ele quem criou a bebida que até hoje é sucesso.
Porém, mais que tudo, Rodolfo Teófilo fabricou por sua própria conta a vacina e vacinou com seu próprio trabalho boa parte da população da cidade contra a varíola. Muitas vezes com a oposição dos políticos do estado, que não faziam sua parte.
Lembrar dele é lembrar o que de melhor temos. Por isso considero Rodolfo Teófilo o maior de todos nós.
Matéria interessante. Nunca tinha ouvido falar desse cearense. Abs Rui Dias(Lisboa – Portugal)