Saudações, Terráqueos! Não se atemorizem, não vou machucá-los. Vejam meus dedos separados em saudação vulcana, tipo aquele Sr. Spock, aquele do velho seriado de vocês. Levem-me ao seu líder – não, não me levem ao seu líder. Tenho visto os líderes de vocês na sua TV – e se eu não fosse um marciano, diria que eles são estranhos como marcianos.
Como aprendi a falar português? Do mesmo modo que aprendi a falar todas as línguas dos relatos de aparições de marcianos – pois eu sempre falo a língua da pessoa que me vê. Não que eu seja assim tão democrático, confesso – nos filmes eu geralmente falo inglês, exceto quando o filme é dublado, caso em que posso falar até o velho português velho de guerra. E por falar em línguas, não sou de me gabar, mas sou excelente aprendiz. Alguém já viu algum depoimento de contato imediato em que se dizia que os marcianos não flexionavam os verbos direito e não tinham o menor conhecimento de colocação pronominal?? Pois é.
Por que estou aqui? Não, não é para as habituais abduções e declarações de Paz e Amizade. É que soube que um certo Capitólio, em um certo lugar chamado Washington, resolveu nos levar a sério.
Como? Esses são os poderosos do mundo? Mesmo mesmo? Bem, então mudo de ideia, volto à minha nave. Aquela chata e baixinha, estacionada ali. Vou para casa, ainda dá tempo de ver um filme hoje à noite: vou ver ET. Mas não me tomem por aquele carinha enrugado, ele é muito feio.