Jane Eyre, Meião e Cinta-liga

Jane (Eyre) meião pretaço sete oitavos, salto quinze agulha, cinta-liga de seda vermelha, corpete transparente de arabescos de flores e chicotinho na mão estatelou Sir Edward Fairfax Rochester contra uma cadeira e iniciou seu espetáculo privado a dois ao tirar a liga que prendia o cabelo negro derramando-o pelos ombros e a jogar a dita contra o já mencionado estatelado Sir Edward, a primeira das peças de roupa que jogaria bem para longe naquela noite no verão de 1840 [ou 1841, ninguém registrou e não faz diferença nenhuma].

Não consta esta cena do romance Jane Eyre, o superclássico do moralismo e lacrimosidade vitorianas, nem de nenhum rascunho do mesmo, embora uma eventual descoberta de algo semelhante fizesse a alegria dos editores. Nem da visão que se tem da pudica e entristecida e diáfana Charlotte Brontë, autora do livro e celebrada por seu pioneirismo e sua inteligência, mas nunca por sua alegria e muito menos por sua sensualidade.

No entanto, esta última é que se descobre na exposição das roupas de Charlotte Brontë em um museu no interior da Inglaterra. Entre outras peças se destaca um negligée, vitoriano mas negligée, supostamente para alegria do maridão Arthur.

Há os escritores que têm vida pudica e literatura desbragada. Charlotte [no entanto] talvez tenha [invertidamente] uma obra hiper decente e uma vida muito menos santa do que se imagina em suas fotos cloróticas. O que não deixa de ser uma originalidade e mérito.

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