2023 03 08 – Guerra Junqueiro e Coelho Netto, ou a Imortalidade tem prazo

Evento: Homenagem do Diário de Notícias (de Lisboa) aos dois escritores, em 1922, reproduzida no mesmo jornal a 18/11/2022.

A Imortalidade tem como característica óbvia a inexistência de um fim – tão óbvia que nem se nela fala embora se possa discutir a existência de um começo. Uma nota no Diário de Notícias de Lisboa no ano de 1922 talvez elasteça esse conceito: “A raça luso-brasileira tem hoje como guias superiores no mundo das letras dois nomes já aureolados pela imortalidade” – assim escreveu o hoje esquecido poeta luso Augusto Gil sobre outros dois ilustres igualmente esquecidos, os poetas Guerra Junqueiro e Coelho Netto, um luso e um brasileiro.

É tão fácil quanto injusto se ridicularizar estilos de escritores de outras épocas por isso não o farei. Bem poucos resistem ao faladíssimo teste do tempo, ou, dito de outra forma, terão um estilo e temática suficientemente flexíveis para se adaptar a novas preocupações, e nenhum dos dois homenageados se saiu bem nesse prélio. De Guerra Junqueiro só me lembrava de um verso, “Meu Deus – confranjo-me ao dizê-lo” e de Coelho Netto, o escritor de numerosos poemas de impecável gramática que por isso eram escolhidos para antologias escolares, lembro a frase “Ser mãe é padecer no Paraíso”, que é dele embora poucos saibam.

O príncipe imortal das letras brasileiras e o imortal das congêneres lusas se encontrariam em Lisboa, em homenagem de jornal. Hoje seus volumes pegam poeira e o jornal sofre a concorrência dos portais on-line. Alguém poderia dizer que a Imortalidade não é mias aquela. Machado diria Mudou a Imortalidade ou mudei eu.

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