Evento: Um centenário de falecimento
Nos trending topics do Twitter apareceu a primeiro de março o nome Ruy Barbosa. Os TTs do T particularmente no Brasil consistem em misto de ódio e banalidade – e imediatamente pensei nesta última. Provavelmente um espirro ou Milk-shake que derramou alguma jovem atriz ou jogador de futebol, nessas irrelevâncias que hoje se autopromovem a notícias. Fui errado, um bom erro. Pois em raríssima concessão à História os twitteiros elevaram na lista o Centenário do falecimento de Ruy Barbosa o próprio, o famoso baiano dos famosos discursos.
É exemplo do costume brasileiro, contrário ao anglo-saxão, de se referir a alguns personagens históricos pelo nome, e não pelo sobrenome. “Conforme dizia Barbosa” só gera estranheza – “Conforme dizia Rui” e todos sabem quem falou. Lembro uma frase, “simulacro de locatório, insulado no vazio” que provavelmente só ele teria ideia de escrever. Cavava palavras em desuso, com o obvio risco de seu próprio escrito cair em desuso também.
Essa erudição o a aproximou dos portugueses. O Diário de Notícias de Lisboa dedicou duas colunas a ele. Lembrou a condecoração que o Presidente de Portugal lhe concedera. O jornal afirmou que era o mais português dos oradores brasileiros e o comparou a Herculano – para o Portugal pré Fernando Pessoa, um elogio e tanto. Parabéns Ruy, pelos tending topics, a passar das atrizes e jogadores de futebol em férias maravilhosas em alguma Ilha Grega. Esse feito do velho jurista, embora não seja o mais charmoso, não é pouca coisa.