Evento: Uma presença real e turística na cidade
Perder-se na Alfama – essa é a experiência turística suprema que os turistas não têm. Afinal o voo para Paris ou Rio parte em 48 horas, o ônibus hop in hop off sai em 37 minutos e é preciso ainda constar o tempo para as fotos do Instagram. Nisso se fica na viagem de Tuk-tuk – o nome local dos esquisitos veículos com um improvisado misto de guia e motorista à frente e alguns turistas empilhados atrás. Vejo passarem esses veículos a atravessar em segundos lugares que só uma introdução histórica e artística tomaria um par de horas.
Um desses lugares é o mosaico de Amália Rodrigues logo no olho do furacão turístico, o Largo das Portas do Sol, um respiro no centro do emaranhado de ruelas medievais que formam a Alfama, o bairro medieval de Lisboa que escapou à destruição do terremoto de 1755 por se assentar fundamentalmente em cima de uma grande pedra. Virou bairro símbolo da boemia lisboeta, vinhos e cantorias etc. Turistas a grande maioria sem muito conhecimento de música popular não anglo saxônica e muito menos de Fado recebem uma explicação entre uma freada e um arranco do tuk-tuk ou do pequeno transporte turístico.
É pouco – mas seria tempo suficiente para explicar que a grande ligação entre Alfama e Amália é fundamentalmente turística. Amália não era de Alfama. De Alfama era outro grande fadista, muito menos conhecido, Fernando Maurício. Amália era de Alcântara, bairro industrial e portuário, a quilômetros dali.
Mas assim é o turismo, cria um mundo paralelo, e é se que se visita.