A República trazendo a Escola

A Escola não engendrou a República. Foi o contrário, e não de uma república qualquer – veio dos setores mais radicais da república revolucionária francesa de fins do século XVIII. É o que se depreende da leitura do L`école de Jules Ferry (1880-1905), do professor e antigo ministro da educação nacional da Franca Xavier Darcos (Paris, Hachette Littératures, 2005).

O título se refere a outro político. Monsieur Jules Ferry celebrizou-se por uma série de leis, de 1880 a 1882, que determinaram o ensino primário gratuito, obrigatório e laico para meninos e meninas.

Inovadoras que fossem, tais leis segundo o autor sintetizavam uma evolução que teve um corte – começou com a Revolução Francesa.

Claro, existiam vozes poderosas pelo ensino público antes, porém não sem controvérsia. Pesos pesados como Rousseau, Voltaire e Diderot discordavam sobre a extensão da educação a todas as crianças. A Revolução de 1789 sacramentou a ideia de que a Educação é tarefa do Estado.

As Cinco Memórias sobre a Instrução Pública do Marquês de Condorcet sinalizam essa nova posição. Esse refinado aristocrata propunha a escola como meio de superação das desigualdades sociais, mas não tanto como se pensa vulgarmente hoje, pelo ganho financeiro. Mas pelo refinamento dos modos das classes mais baixas – ideia hoje pouco popular.

A República engendrou o ensino público – e o fato deste nunca ter sido levado a sério no Brasil sinaliza para que nunca tivemos uma república de verdade.

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