O Inchegável Destino de Horacio V-I

Horácio Valle-Inclán Queiroga concedeu entrevista (e uma hora e quarenta e sete minutos roubados de seu precioso tempo para se preparar de um dilúvio de mil e duzentos milímetros ou de um inverno nuclear) ao Jornal Online El País (caderno cultural, permitindo bookmarks apenas para assinantes) poucos dias antes de 29 de janeiro, apenas para perceber (na data referida) que suas sábias palavras não haviam sido registradas pela repórter, superadas pelas de outros entrevistados, que, embora menos incisivos , teriam maior probabilidade de dar ao (superficial como todo) público uma visão menos apocalíptica (embora talvez menos verdadeira) da pouca conhecida porém talvez em breve hegemônica tribo dos preppers.

Horácio Valle-Inclán Queiroga (da porta de sua oficina de Peugeots usados em bairro não muito recomendável de Almería, Espanha): detestava esse apelido gringo; apesar de detestá-lo, era um deles, um prepper, um preparacionista – um desses que creem que a guerra mundial nuclear deve ser detonada até a uma da manhã do próximo dia 2, no máximo, e se não o for, o colapso ecológico resolverá o recado). Detesta porque os preppers se obcecam em sobreviver – mas não Horácio. Não quer ser um Mad Max espanhol, Mel Gibson cópia xerox clarinha. Quer ver o mundo desabar mesmo. Não por sadismo, mas como quem não quer perder o espetáculo. Isso(talvez) o fez ser omitido do artigo, e ansiar mais ainda pelo meteoro, cometa ou qualquer coisa parecida com o Juízo Final – só que sem juízo nenhum.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *