O Dia em que Ulysses leu Joyce

James Augustine Aloysius Joyce deixou para publicar a sua maçaroca de mil páginas no dia 2 de fevereiro de 1922. Claro, valem muitas interpretações, nem todas a primar pela gentileza para com o autor. Uma delas é que o católico Joyce sabia que 2 de fevereiro era um dia de Nossa Senhora ou algum equivalente céltico – sendo tal explicação enfraquecida pela falta de um elo entre essa efeméride e a tediosa cerimônia que se chama lançamento.

Outra explicação (aparentada à primeira porém, pela coincidência, mais plausível) apela para a recorrência do mesmo algarismo (2/2/1922) para, por alguma confabulação numerológica, explicar a escolha da data. O que seria interessante, se o dito Joyce mostrasse alguma crença por mínima que fosse no poder dos Números de determinar a Sorte ou Azar dos Mortais, ou pelo menos algum amor ou temor pela superstição, de que inexistem evidências plausíveis.

Estas se encontram [no entanto] em certo bilhete do editor [compreensivelmente depois escondido] no qual se confessa que o autor irlandês [depois de atazanar o pobre editor com pedidos de eternas modificações de vírgulas] confessou que na noite anterior certo guerreiro o visitou. Tirou a armadura, guardou o escudo ao lado, e gentilmente [mas com a espada bem perto] pediu ao autor que lesse o que escrevera.

Para Joyce, não havia dúvidas – o próprio Ulisses pedir que lesse o original. Antes que terminasse, a aparição sumiu. E Joyce implorou que publicassem o mais depressa, para se livrar logo daquilo.

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