Existem 99 problemas acerca de Jane Bond, que [no entanto] se resumem a um: Jane Bond não existe. Certo, talvez exista Jane Bonde, funkeira de bailes na ponta da linha do trem, mas não é desta que falamos.
Jane Bond, nascida em algum lugar de nome sonoro como Sheffield ou Kent County, possui cabelo louraço desnecessitado de qualquer tintura, um e oitenta e um de altura e dezessete quilos abaixo do peso. Malgrado isso luta caratê como Bruce Lee, jiu-jitsu como os irmãos Gracie, boxe como Mike Tyson, dispara mísseis em arco-e-flecha como Stallone [sem o olhar apalermado desse] e ainda encontra tempo para acumular 17 namorados por hora de filme.
Diz a lenda [que talvez seja só lenda] que o espião inglês Ian Fleming, para se livrar do tédio [vida de espião não é glamour] pensou uma espiã cuja vida fosse glamour. Desnecessário dizer que era bonita, rica, alta, dirigia carros que só se veem em Salões do Automóvel e malgrado isso conseguia afanar papéis secretíssimos [uma façanha para quem chama tanto a atenção, mas está valendo].
A História dos filmes de espionagem teria sido outra se o seu produtor não tivesse achado estranho aquilo tudo, e escolhido um homem, e trocado Jane por James.
Jane Bond teve passado, não tem presente, e, segundo os atuais donos da franquia, não terá futuro: dizem eles que o tal Bond será sempre um homem, em acesso tanto de falta de imaginação como de injustiça de gênero, talvez.