Evento: Qualquer lenda mas as lendas mentem
Diz a lenda mas as lendas não dizem nada que o Dr. Zhygomir Bakhtiar trinta anos, solteiro, pequenos óculos de aro e barbicha um dia no verão de 1898 saiu da sua aldeia de Jaroslav na beirada de alguma montanha nos montes Cárpatos e dirigiu-se à fronteira da Austro-Hungria em busca das fontes do verdadeiro conhecimento. Tal história, um tanto carente de verossimilhança, remete ao arquétipo da busca, recorrente na literatura desse recanto de mundo chamado Europa e que inspirou geniais e malucos, mas malucos mesmo, tipo Dom Quixote.
No caso, o Dr. Zhygomir Bakhtiar com seus óculos de aro e sua barbicha emulava Lancelote, o cavaleiro medieval, só que sem sua amada Genevieve e sem fé no Divino embora sejam duvidosos os testemunhos de que fosse ateu.
Segundo testemunhos de aldeões na estrada – embora a estrada não existisse, as aldeias não passassem de imaginação e os poucos camponeses estivessem ocupados com a colheita – que Dr. Zhygomir Bakhtiar encontrou como o tal Lancelote um castelo, como todos os castelos no alto de neblinosa montanha, e nele estava certo de encontrar a fonte do conhecimento.
Encontrou uma sala, e na sala uma mesa, e sobre a mesa uma caixa onde estava escrita a palavra “caixa”.
Abriu-a, e dentro havia outra caixa onde estava escrita a palavra “caixa”.
Abriu-a, e dentro havia outra caixa onde estava escrita a palavra “caixa”.
E depois de muitas caixas, no final havia apenas uma caixa tão pequenina que cabia apenas na imaginação.
E estava vazia.