2023 03 23 – Um instante em duas narrativas

Evento: Um instante de inocência (“Num Va Goldum”), de Mohsen Makhmalbaf

Um homem caminha ao longo de trilhos de uma ferrovia nos arredores de Teerã e a cena inicial deste filme de 1997 já nos traz a ideia de caminho. No caso, de busca de um passado. O homem é um ex-policial do tempo do Xá que procura viver de novo um momento vinte anos antes, quando ele sofreu uma facada em um atentado político quando estava apaixonado. Essa busca se dá através do cinema. O homem que o esfaqueou tornou-se diretor de cinema. E o policial convence o diretor a fazer um filme sobre o Momento. Um instante de inocência.

Essa é a trama. Enxuta. Sem efeitos especiais nem muitos atores. Filme sem muito dinheiro com uma trama bem engendrada a compensar a falta de meios. Típico cinema iraniano. O Diretor Mohsen Makhmalbaf é talvez o segundo mais importante nome dessa escola de cinema, após o falecido Abbas Kiarostami.

A trama se bifurca em duas duplas: o policial e o jovem ator que o representa, e os jovens ator e atriz que representam o diretor e sua namorada quando jovem – e ficamos sabendo que ela era a garota pela qual o policial estava apaixonado – sem saber que ela e o namorado eram cúmplices em um atentado contra ele, policial. E a trama segue por uma linha em que o filme e o fato narrado no filme se encontram e desencontram e em que muitas vezes se confundem um e outro.

“Um instante de Inocência” mostra a força do enredo – como ele pode superar até mesmo a falta de recursos materiais – e a dificuldade de se construir um bom enredo.

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