Evento: 1871 e 2023, tudo ao mesmo tempo agora
Em citação traduzida em mil e duas formas Hegel teria dito que a História ensina… que os povos nada aprendem com a História. Além de ter escrito sobre a Filosofia da História, George Frederico Guilherme Hegel era um ranzinza a dar um chute na paciência de qualquer um, a ponto de esse gentleman que era Goethe ter-lhe dito “Olha, eu o admiro muito… mas eu gostaria que você se expressasse mais claramente”. Haja finesse.
Os alunos podem não querer aprender, mas como a Tia persistente da aula de aritmética a História repassa a mesma lição às crianças de olho no smartphone.
O protesto do European Housing Action Day ontem em Lisboa se caracterizou pela urgência – protestavam pessoas com compras a fazer na segunda e rendas (aluguéis) a vencer na sexta.
Em meio ao sufocamento do Agora surgiu uma bandeira com uma frase “A Comuna de Paris”. Não só a frase como a gravura de uma barricada, o fundo de amarelo chocante e o entorno de outras bandeiras, vermelhas. A multidão do Hoje criou tempo de lembrar de 152 anos atrás (1871).
A História teima em não ser história, em se fazer não-História, ser Hoje. Alguém afeito a religiões diria que é o Mito do Eterno Retorno. Outro mais objetivo, que os problemas não se resolvem portanto a revolta continua. Outro, psicologizante, que são padrões de comportamento social repetidos.
Já Hegel provavelmente afirmaria “Está vendo?? Os alunos não aprendem, por isso a História está sempre a dar a mesma lição!!” Mas Hegel, como se sabe, era um chato.