2023 04 04 – Venha, oh, venha para o Rio, poeta

Evento: O mundo fica menor quando um poeta desaparece

O poeta se encantou pois poetas não morrem em novembro do ano passado e não sei se me enraiveço de mim que só o soube agora ou da estúpida mídia que noticia topadas de influencers e não divulgou com alarido que Hans Magnus Enzensberger nos deixou. Não se trata daqueles autores que se leu anos antes e se tem uma vaga lembrança dele. De fato há poucos meses comprei e li mais um livro no dele, no caso uma antologia, “66 poemas” traduzidos para o português lusitano por Alberto Pimenta (ed. Saguão, 2019).

Enzensberger era desses intelectuais que topam na vida das pessoas e do mundo sem que precisemos deles ir atrás. Lembro vagamente de um poema quando esteve no Brasil (“Come oh come to Rio”) onde sofreu um furto. A primeira leitura que fiz dele não foi de poeta, mas de biógrafo e ensaísta, uma obra sobre o anarquista Durruti, morto na Guerra Civil espanhola, “O Curto Verão da Anarquia”. Nunca muito distante do humor, reivindicava a descoberta da Constante de Enzensberger, uma grandeza matemática que assim se expressa: “Em cada país, qualquer que seja seu tamanho, há 1200 pessoas que gostam de poesia”, uma brincadeira séria sobre a pouca popularidade dos poemas na cultura de massa. O mesmo humor no poema “Teoria do Conhecimento”, pelo qual este é uma caixa vazia escrito “caixa” e que só existe na imaginação.

Fiquei triste, confesso. Um brinde, de vinho ou água, com lágrimas ou gargalhadas, a Enzensberger, poeta alemão e mundial, que nos trouxe algo de verso e de leveza.

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