2023 04 05 – A Primavera de nem todos

Evento: O primeiro inseto do ano

Hoje, dia 5 de abril, por volta das 16 horas, vi uma mosca. Certo, não era uma mosca mesmo, era maior, fazia um barulho que, se fosse um avião, poderia ser ouvida a mil quilômetros de distância. Moscão. Ficou presa no meu apartamento pelos vidros da janela e não tenho a mínima ideia como entrou.

Que coisa banal, se poderia dizer. Bem, nos trópicos sim – eles têm a desgraça ou privilégio de produção insetal 365 os dias. Aqui na Europa, mesmo no Sul dela, nem tanto – é o primeiro inseto que vejo no ano. No Inverno não há insetos – não da modalidade voadora. Agora na primavera começam a voar de volta, vindos não tenho ideia de onde.

Oswald Barroso escreveu que Kant só fez a sua grande obra porque viveu onde viveu. Que se morasse no Brasil preferiria ir à praia ver as ondas e as garotas – viver enfim, em vez de se escarafunchar na busca de um sentido à existência. Assim as grandes obras filosóficas e artísticas europeias seriam o resultado não de uma vantagem mas de uma deficiência – deficiência de sol em terra sombria e gélida;

É discutível se a falta de insetos é uma deficiência. Talvez o seja, tendo em vista a importância dos bichinhos na polinização e outras funções vitais. De qualquer forma a sua presença marca a passagem do tempo: “Puxa, os insetos já estão de volta e ainda nem comecei a fazer ginástica (ou praticar a ioga) que prometi na virada de ano”… Assim os insetos podem trazer melancolia. O que não deixa de ser uma deficiência. Ponto para os Trópicos.

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