2023 04 12 – Doces: artigo essencial à vida

Evento: Uma pequena porta em uma avenida

Às vezes as nove ou dez e meia da noite me encontram na Baixa (supremo polo turístico), na Liberdade (a avenida chique) ou na Alfama ou Cais do Sodré (domínios da boemia) e hesito em voltar. Não que esteja longe, “Em Lisboa Nada É Muito Longe”, poderia ser o lema da cidade inscrito na entrada do Aeroporto Humberto Delgado. Cidade de 550 mil habitantes, no Brasil seria a 40ª, entre Juiz de Fora e Porto Velho.

Hesito pois na minha Freguesia (bairro) dos Arroios àquela hora não há nada. Todos dormem.

Exceto um grupinho de caras logo na saída do Metro, sempre em frente a uma porta. Achava curioso. Pensava que era uma boate, escola de cabeleireiros (àquela hora?), sei lá o que mais.

Um portal com as esquisitices do bairro resolveu o mistério. Era uma pastelaria, nome luso para confeitaria, que nada tem de muito especial exceto o horário. Abre às oito da noite e fecha às seis da manhã. Oito às seis.

Duvidei e testei. Altas horas, enfrentei o frio de março, lá fui, desci a escada. Tudo iluminado, o rapaz perguntou, pedi um par de pastéis de nata e outro de bolas de Berlim (sonhos). Paguei a dinheiro. Boa noite. Para o vendedor era normal. Para mim eu estar a comprar doces numa bodega overnight era o sumo do surrealismo.

Lisboa pode aborrecida para alguns portugueses, sempre a suspirar por outras capitais europeias. Para mim há algo no mínimo incomum em uma cidade em que os doces são tão importantes que há docerias de plantão para emergências. E quem disse que não o são??

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