Evento: França, começo do sec. XIX, e Todo Lugar
“A descoberta de um novo prato faz mais pela felicidade da raça humana do que a descoberta de uma estrela” e quem disse isso não foi Napoleão. Não gosto de Napoleão. Todo mundo gosta daquele baixinho invocado e eu o detesto. Talvez o primeiro self-made-man com as características definidoras de não tão nobre raça – a vulgaridade, o esnobismo, a paranoia por não perder o poder.
Esse baixinho invocado e cruel no entanto e forçoso é reconhecê-lo deu oportunidade a muita gente de primeira. Talvez nem tanto ele mas a Revolução Francesa, que permitiu que o mérito se sobrepusesse ao pedigree em uma sociedade em que a linhagem importava muito, mas não briguemos por méritos. Um desses a quem ele deu vez atendia pelo altissonante nome de Jean Anthelme Brillat-Savarin, da pequena nobreza, advogado de profissão e que teve efetiva porém discreta participação revolucionária – deputado moderado da Assembleia Nacional, quando ser moderado passou a ser risco de vida exilou-se na Suíça.
O magnânimo Napoleão lhe deu um cargo de juiz, no qual passou 25 anos enquanto soldados se matavam em Austerlitz e Waterloo – ele ignorava tudo e se dedicava ao que gostava.
E ele gostava de comer. E não só, mas de filosofar sobre o comer. Concluiu sua grande obra a “Filosofia do Gosto” quase ao final da vida. É dele a frase do início. Ignoro se Napoleão gostaria dela mas os astrônomos talvez não, para não falar dos cientistas. Talvez seja verdadeira no entanto.
Por falar nisso, o que há para o jantar??