2023 04 17 – E Sempre Teremos Casablanca

Evento: O Filme

Quase ninguém ouviu falar de Manó Kertész Kaminer. Bem poucos sabem que nasceu em Budapeste em 1886, estudou em universidades locais e com 26 anos estreou no Teatro Nacional Húngaro.

Talvez para compensar seu anonimato, e à falta de grandes aventuras na vida, não tinha problema, ele as inventava: dizia que fugira jovem de casa para se juntar a um circo, e que participara da competição de esgrima nas Olimpíadas de Estocolmo em 1912. Tudo cascata.

A guerra o pegou em 1914, mas logo pôde sair do exército austro-húngaro para voltar a dirigir filmes. Em 1919 instalou-se na Áustria, onde alguns filmes seus chamaram a atenção de algum bicho-papão na nascente porém já poderosa Hollywood, para onde embarcou em 1926. Não exatamente candidato a melhor pai da História, deixou no Velho Continente um filho, para o qual não pagava pensão.

Nos EUA compreendeu que seu complicado nome de registro não daria dividendos e adotou o anglicizado Michael Curtiz, do qual ninguém também ouviu falar muito, apesar dos sucessos nos anos 1930 em filmes de aventura, inclusive de piratas e Robin Hood.

Fast Forward para outra Guerra e temos Curtiz em 1942 em um roteiro inverossímil sobre um improvável casal de uma mulher estonteante e um sujeito durão que não tinha medo de caras feias nem de nazis.

E Michael Curtiz dirigiu Ingrid Bergmann e Humphrey Bogart em Casablanca. Ninguém presta atenção no nome dele, no entanto, e ninguém sabe que se chama Kaminer.

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