Bombino não decepciona. Os cartazes perto da estação Arroios do Metro de Lisboa mostraram um músico muito semelhante ao dos vídeos no Youtube da sua apresentação na grande Mesquita de Agadez Patrimônio da Humanidade onde se apresentou depois da paz entre seu povo Tuaregue e o Governo do Níger em 2010. E o espetáculo na discoteca com o duvidoso nome de B´leza na quinta dia 10 de agosto de 2023 deixou claro um músico que entrega o que promete. E promete boa guitarra.
Bombino nasceu com o nome de Goumar Almoctar e vive no Níger, país recentemente catapultado ao noticiário internacional por um golpe de Estado. O seu baixista em um inglês pouco compreensível informou à plateia que estavam moídos de cansaço – tiveram de viajar do Níger para o Benin, depois para o Togo, depois para a França, para finalmente chegar. Ele e um baterista formam a única companhia de Bombino na sua música.
E sua música hipnotiza. A guitarra ataca uma frase musical e a repete, três ou quatro compassos repisados e variados em progressão milimétrica, não só nas notas como na velocidade, acompanhados pelos outros instrumentos. Os vocais quando existem apenas se agregam à melodia que progride sem precisar muito deles. Não se trata de música pura de influências pelo duplo fato de que isso não existe e de que a influência de Jimi Hendrix e dos Dire Straits é óbvia.
A guitarra do antigo pastor do antigo pastor de cabras fascina e hipnotiza, como o Saara de onde veio.